sábado, 27 de novembro de 2010

Quanto realmente custa um enxame de ASF???

Olá amigos meliponicultores e amantes das ASF...
Um assunto muito discutido, questionado e por muitas vezes discriminado por muitos é o valor e quanto realmente vale um enxame de abelha sem ferrão.
Quero impor meu ponto de vista sobre este assunto, e colocar mais ou menos na ponta do lápis o quanto você gasta em média para fazer um enxame e quanto tempo leva até o ponto ideal para a venda.

Primeiramente para mim e para muitos que REALMENTE amam as ASF não tem preço que pague um enxame que você faz com tanto carinho e dedicação, e no meu caso se eu pudesse eu nunca venderia nenhum dos meu amados enxames!!!
Bem mas isto é outra história, vamos para o assunto custo de materias para fazer um enxame:
Vou botar no lápis valores mínimos e máximos com materias para a formação de um novo enxame de melipona ou trigona de grande população.

-Caixa de madeira: Comprando uma caixa já pronto varia muito do tipo da madeira, você acha por ai caixas de vários modelos prontas (sem acabamento externo) no valor de R$ 30, 40, 50 e até R$ 60! Variando do tamanho da espécie;
Média: R$ 45

-Cera para ajudar na formação do enxame: O valor de cera de apis não alveolada está na faixa de R$ 20 a 30 o KG, sendo que eu chego a usar 2 folhas inteiras num enxame com 3 meses.
Média: R$ 5 usando 2 folhas no enxame.

-Alimentação artificial: Muitos meliponicultores só utilizam a alimentação artificial para fazer com que seus enxames cresçam de forma mais rápida. No meu caso é pela grande quantidade de enxames na mesma área e falta de mata e néctar no redor do meliponário. No xarope se usa em sua maioria açúcar cristal que está muito caro no mercado, chega a ser de R$ 7 a 10 o saco com 5 Kg; e o complemento vitamínico Aminomix chega a ser de R$ 30 a 80 potes de 500g a 2,5 Kg.
E um enxame que é feito e alimentado artificialmente até seus 6 meses de idade tranquilamente consome em média de 500 ml a 1 L de xarope ao mês, portanto em 6 meses = 5 L
Assim o valor do Litro do xarope com base na utilização de um xarope feito com 5 Kg de açúcar (R$ 8,50) + agua + 2 limão (R$ 0,50) + Aminomix (R$ 0,50) + sal... seria em média: R$ 2 o Litro!
Portanto um enxame com 6 meses de idade consome em média o valor de R$ 10 de alimentação!

-Despezas extras: Já que é para por na ponta do lápis vamos la, no meliponário utilizamos constantemente: fita crepe (R$ 2 o rolo), vinagre para forídeos (R$ 2,50 o L), plástico para o enxame (R$ 5 o Metro), alimentação proteica de soja (R$ 10 o Kg) e etc...
Fora o seu trabalho com a inspeção, manutenção, manejo, vamos por ai uns R$ 50 do seu tempo e dedicação! rsrsrsrsrrsrsr brincadeira gente, o amor pelas ASF não tem preço, mas que da trabalho da! Só quem sabe para me da razão.

Resumindo amigos, em média, só de materias para formar um novo enxame (varia um pouco de espécie) você gasta tranquilamente uma média de R$ 50 a 60 para este enxame ficar ao ponto mínimo de venda!

Agora temos que levar em consideração fatores como raridade da espécie, dificuldade de manejo e multiplicação, qualidade do enxame (se está novo, médio, forte, matriz), caixa em que o enxame se encontra e etc.
Vou fazer uma lista de valores "médios" comercias das espécies mais conhecidas e criadas de ASF, levando em consideração se o enxame é médio ou forte.




Meliponas


  • Mandaçaia (QA e QQ) - enxame médio varia de R$ 100 a 150/ enxame forte R$ 170 a 220.


  • Jandaíra (M. Subnitida) - enxame médio varia de R$ 100 a 150/ enxame forte R$ 200.


  • Uruçu Verdadeira (M. Scutellaris) - enxame novo R$ 200/ enxame médio R$ 200 a 270/ enxame forte R$ 270 a 350.


  • Uruçu Amarela (M. Rufiventris/ Mondory/ Flavolineata) - enxame novo R$ 200 a 250/ enxame médio R$ 250 a 300/ enxame forte R$ 350 a 400.


  • Uruçu Boca-de-renda (M. Seminigra) - enxame médio varia de R$ 300 a 350/ enxame forte 400.


  • Uruçu Cinzenta (M. Fasciculata) - enxame médio varia de R$ 300 a 350/ enxame forte R$ 350 a 400.


  • Guaraipo negra (M. Bicolor Shenki) - enxame médio R$ 200 a 250/ enxame forte R$ 250 a 300.


  • Guaripu (M. Bicolor Bicolor) - enxame médio R$ 200 a 250/ enxame forte R$ 300 a 350.


  • Manduri (M. Marginata) - enxame médio R$ 150 a 200/ enxame forte R$ 200 a 250.


  • Rajadinha (M. Asilvae) - enxame médio R$ 150 a 200/ enxame forte R$ 200 a 250.


  • Uruçu Capixaba (M. Capixaba) - enxame varia de 400 a 500.


  • Manduri do Matogrosso (M. Favosa) - enxame médio R$ 250 a 350/ enxame forte R$ 350 a 400.

Trigonas:


  • Mandaguari/ Tubuna/ Tubiba (S. Postica/ Bipunctata/ Depilis) - enxame médio R$ 150 a 200/ enxame forte R$ 200 a 300.


  • Mandaguari Amarela (S. Xanthotricha) - enxame médio R$ 200 a 250/ enxame forte R$ 250 a 350.


  • Marmelada ou Moça Branca (F. Varia) - enxame médio R$ 100 a 150/ enxame forte R$ 150 a 200.


  • Iraí (N. Testacercornis) - enxame varia de R$ 50 a 120.


  • Jataí (T. Angustula) - enxame varia de R$ 50 a 120.


  • Mirim Preguiça (F. Schrottkyi ) - enxame varia de R$ 50 a 100.


  • Mirim Droriana (P. Droryana) - enxame varia de R$ 30 a 100.


  • Mirim Guaçu (P. Remota) - enxame médio R$ 80 a 120/ enxame forte R$ 120 a 200.


  • Moça preta (F. Silvestri) - enxame varia de R$ 100 a 200.


  • Borá (T. Clavipes) - enxame médio R$ 150 a 250/ enxame forte R$ 300 a 400.


  • Boca-de-sapo (P. Helleri) - enxame varia de R$ 100 a 200.

Esta tabela de valores de enxames varia em muitas regiões do Brasil, podendo se obter valores menores ou superiores as médias que foi citado, tudo depende também do meliponicultor.

Um exemplo de toda está explicação pode ser assim: Um enxame de Mandaçaia que é vendido á R$ 100 com idade de 5 meses, neste valor em média é gasto R$ 50 só para formar o enxame, sendo que sem colocar a dedicação e o trabalho do meliponicultor o enxame vai estar saindo por R$ 50, ou seja o lucro será minímo! Para que todo o trabalho deste meliponicultor seja recompensado o valor deste enxame teria que ser no mínimo R$ 150!

Caramba, e tem gente que reclama de pagar um preço razoável por um enxame forte, e ainda quer pelo preço mínimo um enxame forte que tomou vários anos de trabalho de seu dono!

Assim como eu, muitos só vendem enxames de suas amadas ASF para poder cobrir gastos e para novos investimentos em seu meliponário, mas há aqueles que só querem enxames pensando comercialmente, visando lucros comprando um enxame feito com muita dedicação por algum criador e sem qualquer cuidado o vendendo para outro por um valor bem maior!

Isso me deixa muito triste e com raiva, mas infelizmente o mundo é assim e você sabe quem realmente gosta do que faz, e com certeza só aqueles que realmente amam e veneram a natureza e as abelhas sem ferrão vão se destacar na meliponicultura!

Quem tiver alguma correção a fazer, ou duvida de algum assunto é só me falar!


Um forte abraço a todos....



terça-feira, 16 de novembro de 2010

Técnicas com rainhas de outras espécies

Uma técnica da meliponicultura que requer uma certa experiência e um tanto de "coragem", é a obtenção de enxames através de uma rainha de uma espécie introduzida a um enxame órfã de uma outra espécie. Ou a obtenção do mesmo, através de discos de uma espécie e campeiras de outra.
Ao longo destes muito anos que venho me aprofundando na meliponicultura através de conversas e dicas de vários amigos, pesquisas em livros, trabalhos sobre a vida das ASF, documentários, relatos e etc, eu posso hoje relatar aos amigos minhas "experiências" bem sucedidas sobre este assunto muito interessante.
Muitas destas experiências com rainhas e discos de uma espécie introduzida a outra foi feita por mim e um grande amigo daqui de minha cidade, e algumas delas eu tomei coragem de fazer graças a relatos de sucesso de amigos da internet como o amigo Sigfrid Fromming de SC.

Vamos começar com o sucesso da introdução de rainhas fisiogastricas em enxames órfãos de outras espécies:

  • Sempre obtenho sucesso em introduzir rainhas de Scaptotrigonas de uma espécie em outra espécie também de Scaptotrigona. Exemplo: Rainha de Tubuna (S. Bipunctata) em enxame órfão de Mandaguari (S. Postica)./ Rainha de Tubiba (S. Depilis) em enxame órfão de Mandaguari (S. Postica)./ Rainha de Mandaguari Amarela (S. Xanthotricha) em enxame órfão de Mandaguari (S. Postica)./ E suponho que da certo com quase todas as espécies de Scaptotrigonas. OBS: O sucesso da introdução das rainhas tem de ser feito de forma correta, não apenas pegar a rainha e botar no meio do outro enxame. Tem vários fatores que influenciam a aceitação da rainha pela elite da colônia.
  • Obtive sucesso na introdução de rainha de Uruçu Amarela (M. Mondory) em enxame órfão e bem fraco de Uruçu Verdadeira (M. Scutellaris). OBS: A aceitação já é mais complicada, o enxame órfão de Scutellaris deve ser uma alça de caixa INPA com na sua maioria discos novos e algumas nutrizes e abelhas bem novas, não se deve colocar campeiras de nenhuma das duas espécies, e deve ter cuidado para não ficar a rainha da Scutellaris no meio dos discos novos (primeiro retire-a antes de colocar a rainha da amarela).
  • Tive sucesso em introduzir rainha de Mandaçaia em enxame órfão de Uruçu Verdadeiro. Mas não deixei a rainha la muito tempo, pois não vale a pena perder um enxame de Scutellaris para ganhar uma Mandaçaia! rsrsrsrrsrs
  • Tive sucesso em introduzir rainha de Mirim Droryana (P. Droriana) em colônia órfão de Irai (N. Testacercornis).
  • E a ultima e talvez mais impressionante aceitação foi uma rainha de Uruçu Boca-de-renda (M. Seminigra) em um enxame órfão e novo de Uruçu Verdadeira (M. Scutellaris). OBS: Já faz quase 2 semanas e a rainha de boca de renda adotada pelas Scutellaris já está fazendo postura. O enxame da Uruçu Verdadeira era bem novo, mais já havia uma rainha em plena postura, assim retiramos a rainha e introduzimos a rainha de boca de renda dentro de um pote vazio de alimento, onde fechamos o pote de forma que fique varias aberturas para o feromônio da nova rainha acostumar as abelhas da Uruçu Verdadeira. OBS2: Está experiência só foi realizada graças ao enxame da Uruçu Boca de renda que estava condenado por ataque de forídeos, e no meio dos ataques foi introduzido discos de Uruçu verdadeira para fortalecer o enxame, podendo ser o "truque" da melhor aceitação da rainha da boca de renda no enxame de Scutellaris, graças ao odor que a rainha já tinha das campeiras de Scutelalris que ajudavam o seu antigo enxame.

Agora aqui vai os sucessos em introduzir discos de cria de uma espécie com campeiras de outra.

  • Disco de Guaraipo Negra (M. Bicolor Shenki) com campeiras de Mandaçaia (QA).
  • Discos de Mirim Droriana (P. Droryana) com campeiras de Irai (N. Testacercornis).
  • Discos de Uruçu Amarela (M. Mondory) com campeiras de Uruçu Verdadeira (M. Scutellaris).
  • Discos de Boca de Renda (M. Seminigra) com campeiras de Uruçu Verdadeira (M. Scutellaris). OBS: Está experiencia bem sucedida foi realizada pelo amigo Sigfrid Fromming.

Além de todas estás experiências citadas a cima, eu ainda pretendo fazer outras, mas tem espécies que eu possuo 1 ou 2 exemplares e fica arriscado eu perder o enxame!

Amigos, estás dicas e experiências não são bem simples como parece, muitas delas requer muita pratica e cuidado, alem de ser ariscado você perder a rainha ou os enxames que ficarem orfãos! Portanto só retire rainhas de enxame fortes ou no caso de certeza de perda do enxame.

Espero que todos tenham gostado e qualquer duvida ou algo que esclareci mal me perguntem por email que será um prazer responder e receber critícas.

Um forte abraço a todos!